Horta Baleeira – Os tempos das baleias e os seus homens

Este percurso revela a influência que a caça à baleia teve no caráter da cidade até aos dias de hoje, seja na memória coletiva e vivência dos Faialenses, seja na própria arquitetura. Indica os locais de caráter patrimonial, as atividades lúdicas que carregam o legado da prática da baleação, e ainda as influências do desenho americano presentes na arquitetura.

Com o cruzamento das frotas baleeiras estrangeiras durante o século XVIII, nomeadamente provenientes de New Bedford, a prática da baleação é iniciada localmente na Calheta do Nesquim, já nos finais do século XIX. Os construtores navais açorianos vão ainda importar dos exemplares americanos o nosso modelo de bote baleeiro – hoje elemento de valor patrimonial inigualável.

Extinta a prática da caça, a baleação deriva em atividades desportivas e recreativas, como os passeios e regatas nos botes baleeiros e a observação de cetáceos no seu ambiente natural.

Ficam ainda presentes, na nossa cidade, elementos arquitetónicos da por vezes denominada arquitetura baleeira, como as torrinhas e gateiras. Subsistem também as grandes residências da família Dabney, exemplos da presença da arquitetura de desenho americano no Faial.

1. Elementos arquitetónicos

Ao passear pela cidade deparamo-nos com estes elementos construtivos e decorativos influenciados pela arquitetura americana oitocenti- sta, particularmente da cidade de New Bedford, capital da baleação norte-americana.

Sobre as casas de alvenaria surgem construções em madeira – inovações funcionais, tipológicas e estéticas intrinsecamente ligadas ao mar, que configuram um remate de coroamento irregular e dinâmico, ao contrário das casas de beirado linear, mais comuns nos centros urbanos de outras ilhas. São estes as torrinhas ou águas-furtadas, bay windows (ou janelas salientes) e oriel windows, mansardas, etc.

Normalmente elaborados em madeira (em tábuas sobrepostas em escama, por vezes proveniente de barcos naufragados), utilizam as cores (azuis, verdes, castanhos, entre outros), em contraste com as edificações preexistentes em alvenaria, caiadas de branco e com cantaria de basalto. Podem ver-se ainda bonitas decorações com frisos, pingentes e rendilhados de madeira.

2. Antiga Fábrica da Baleia de Porto Pim

Situada no sopé do Monte da Guia, foi construída pela Sociedade Marítima Açoriana, Lda. (SIMAL) e começou a funcionar em 1943, em plena II Guerra Mundial. É a segunda fábrica da ilha, edificada com o fim de responder ao rápido progresso da prática da baleação, mas encerra a sua atividade em 1974.

Este edifício é considerado um dos melhores exemplos da indústria baleeira açoriana, contando ainda com as máquinas de origem.

Atualmente, a antiga Fábrica da Baleia é um espaço museológico, detendo um vasto espólio que resultou da prática da atividade baleeira na ilha do Faial durante a primeira metade do século XX.

É ainda conhecida como Centro do Mar (núcleo dedicado à divulgação cultural e científica deste tema), e é também a sede do OMA (Observatório do Mar dos Açores).

3. Museu de Scrimshaw do Peter

Associado ao Peter Café Sport encontra-se o Museu de Scrimshaw, representativo da técnica que pode ser considerada a manifestação artística mais emblemática da baleação.

A técnica de scrimshaw é introduzida nos Açores pelos baleeiros americanos, e consiste habitualmente na gravação do dente ou osso do cachalote, sendo depois o baixo-relevo pigmentado com cor escura. Nestas gravuras é possível observar, maioritariamente, temas relacionados com o mar ou mesmo retratos.

Este museu é criado em 1986 e reúne uma espetacular coleção de peças gravadas e esculpidas.

4. Fredonia e The Cedar’s House

Estas são duas das quatro residências dos Dabney, família norte-americana liderada por John Bass Dabney, primeiro Cônsul dos Estados Unidos da América para os Açores. Ao longo de três gerações e numa sucessão de pai para filho, dedicaram-se aos negócios da exportação (vinho e aguardente da ilha do Pico, laranja e do famoso “azeite de baleia”) e abastecimento e reparação de embarcações, contribuindo grandemente para um dos períodos de grande desenvolvimento económico, social e cultural da comunidade hortense.

Construíram três mansões, que batizaram com os nomes pelos quais ainda hoje são conhecidas: a primeira foi a Bagatelle, construída em 1812 (localizada na Rua de S. Paulo); a Fredonia (atualmente Lar das Criancinhas da Horta), que é datada de 1835; e a Cedar’s House, que é mandada construir por John Polmeroy Dabney, neto de John Bass Dabney, em 1851. Adicionam-se a estas ainda a casa de veraneio e adega na baía de Porto Pim.

Estas residências seguiram o traço arquitetónico de influência neoclássica praticado em Nova Inglaterra (região da costa nordeste dos Estados Unidos da América), caraterizadas pelas suas grandes dimensões, varandas, pórticos e generosos vãos – destacando-se a introdução das janelas salientes ou bay windows -, e todas com vista privilegiada para a baía e para o movimento portuário.

Em 1892, os Dabney abandonam o Faial e regressam aos Estados Unidos, deixando uma herança construtiva muito distinta das configurações comuns das edificações locais, contribuindo para uma mudança de atitude e desenho na arquitetura local que lhe sucedeu.

5. Elementos arquitetónicos

Ver descrição do ponto 1.

6. Elementos arquitetónicos

Ver descrição do ponto 1.

7. Elementos arquitetónicos

Ver descrição do ponto 1.

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